A tucanada adora dizer que o sucesso do Lula é a continuação das políticas do FHC. Tem um fundo de verdade, como toda boa mentira. Mas em um setor esse continuísmo se mostrou um fracasso. Na área de educação, o PT fez muito menos do que devia, podia e sempre prometeu. Fez mais do mesmo, porém pior. E nem me deixa mentir, o Enem. É muita barbeiragem.

Quem quiser discorde à vontade, mas a gestão do Paulo Renato no MEC foi uma revolução jamais vista na história deste país. Só por ter universalizado o acesso à escola já merecia uma medalhinha. E também pela implantação dos Parâmetros Curriculares, do Fundef, do Sistema Nacional de Avaliação e de todas as profundas reformas que o PT simplesmente implodiu quando chegou ao Planalto.

Sim. Assim que tomou o poder, a petistada jogou pelo ralo água, criança e bacia. Sem dó. Afinal, eles diziam que o Paulo Renato era um bruxo feio e bobo que só tinha feito maldades em seus oito anos com ministro. O Provão, por exemplo, lembram? Pois então, o governo Lula botou no lixo uma iniciativa corajosa e que vinha dando excelentes resultados. Para que? Para criar o provão deles. Incrível, né?

Só que o provão deles é pior. O Enade é nada. De uma avaliação universal, com alta visibilidade, que ameaçava de descredenciamento as faculdades ruins, passou-se para um trequinho esquisito, feito por amostragem e que ninguém consegue entender. Isso é só um exemplo.

O mais intrigante é como a grande imprensa trata a gestão do ministro Fernando Haddad. Até a Veja gosta dele! Já li editoriais elogiosos a iniciativas pífias do MEC no Estadão, na Folha, no Globo. Hum. Acho isso muuuito suspeito. Todo mundo do governo Lula leva porrada e só ele fica bonitinho na foto? Ok. O cara é boa pinta, simpaticão, formado na USP, educado, gente boa e tals. Mas como ele conseguiu essa blindagem?

Porque motivos para criticar não faltam. A educação no Brasil continua a mesma tragédia secular de sempre. O PT sempre disse que tinha um projeto que abriria uma nova era para a educação no país. Mas não houve uma única ruptura na política educacional que tanto malharam.

Pior. O governo tucano fez um exaustivo trabalho de investigação, durante oito longos anos, envolvendo MEC, INSS e Receita Federal, que simplesmente encurralou as instituições pilantrópicas, digo, de filantropia. Era gente do naipe de Faap e PUC, além das Unilixeiras de sempre. Ia sobrar para meio mundo que sempre sonegou imposto e nunca deu contrapartida para a avalanche de isenções fiscais de que sempre gozaram.

O que aconteceu? O Prouni chegou e zerou tudo. Zerou. Foi como uma anistia ampla, geral e irrestrita. Um crime. E ninguém falou nada. Nada. Cadê a Folha, o Estadão, a Globo, a Veja? Os que nunca perdem uma única chance, mesmo que desesperada, de descer a lenha nos “petralhas”? Humpf.

O Prouni é muito elogiado. Até o Paulo Renato fala bem dele! Depois ainda tem gente que fica brava quando dizemos que o PSDB não sabe fazer oposição. O Prouni tem coisas boas, mas é criticável. Principalmente porque o governo acaba comprando, com dinheiro de renúncia fiscal, vagas ruins de faculdades péssimas para distribuir para alunos pobres.

Pergunta se a Fundação Getúlio Vargas participa do Prouni? Claro que não. O Prouni é uma benção para faculdades que estão na pindaíba. Vendem vagas ociosas a peso de ouro. E dizem que foi uma inovação. Balela. Apenas reforça uma das diretrizes básicas do governo FHC, a de ampliar a oferta de vagas no ensino superior por meia da expansão das instituições privadas.

O Fernando Haddad é mais do mesmo. Petista bom é um tucano que deu certo.